Readequação de planejamento, valor agregado e análise correta de cenário marcam sucesso dos que lucraram
Para o empreendedor de verdade, todo momento pode ser utilizado para reinventar-se e aproveitar oportunidades que aparecem — mesmo em contextos adversos ou inesperados. No caso da pandemia não é diferente.
Vista por muitos como a maior crise comercial e financeira de todos os tempos, enquanto alguns calculavam prejuízos, outros viram no período de isolamento uma oportunidade de mudar seu portfólio e se adequar à nova realidade e lucrar. Exemplos não faltam e vão desde a fabricação de máscaras de pano — produzidas por pequenas confecções até grandes fábricas de roupas —, passando pela telemedicina e delivery de produtos diversos.
Um dos exemplos de visão de oportunidade foi da empresa brasileira de cosméticos Hinode. Lançado em abril, o gel higienizante Sens Naturals conquistou o mercado por fazer a mesma função do álcool utilizado em mãos, porém foi além, quando transformado em loção.
De acordo com o porta-voz e vice-presidente de desenvolvimento de produtos da empresa, Alessandro Rodrigues, o produto é sucesso por apresentar, com qualidade, diferentes funções no mesmo item. Voltado para toda a família, o gel caiu no gosto popular e logo chamou atenção para outros produtos da marca.
“As fragrâncias são um dos principais carros-chefes da Hinode. Aliada a estratégias de descontos na compra de kits e em bonificação, mesmo com pouca divulgação, a linha obteve crescimento de 200%, com 850 mil unidades do gel vendidas até agosto”, revela.
Lições
Para o administrador e pesquisador da UFRGS, Carlos Alberto Rossi, o desafio atual das empresas é reajustar suas finanças e adequar-se rapidamente ao cenário formado após a chegada da pandemia. Com planejamentos eficientes, as empresas que obtiveram êxito e cresceram apresentaram inovação e diferenciais frente às necessidades dos consumidores.
Em termos de oportunidade, para Rossi ficaram duas lições. A primeira diz respeito ao fundamento de estratégia empresarial e de governança corporativa, ao jamais desprezar os riscos do negócio: seja em maior ou menor probabilidade de ocorrência.
Milhares de empresas ignoraram o potencial de dano econômico da pandemia, no início da crise. Quando quiseram reagir, já tinham perdido a maior parte de sua receita e não possuíam mais capital de giro, o que resultou em dívidas impagáveis e em ciclo irreversível de perda.
O segundo aprendizado remete à necessidade de refinar o planejamento empresarial. Segundo Rossi, ele deve conter as análises de cenários (com suas consequências), a concepção e execução de estratégias empresariais, afinadas com os recursos e capacidades da empresa.
Para o administrador, nas crises mais agudas, como a atual, fica evidente não apenas a existência de tais conceitos como também sua aplicação prática, caso as instituições estejam despreparadas. “Alguns erros de empreendedores que iniciaram atividades durante a pandemia podem estar relacionados a dimensionamentos equivocados de demanda e deficiência em seus planejamentos”, analisa.
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Por Leon Santos – Assessoria de Comunicação CFA