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Economia circular: o novo motor do futuro

Mais do que apenas uma onda, modelo promete mudar relações de produção e consumo

A Quarta Revolução Industrial (Revolução 4.0), cuja tecnologia tomou protagonismo nas indústrias, comércios e processos — somada ao choque de realidade causado pela pandemia — fez com que dezenas de países se voltassem a debater novos modelos de negócios, de saúde e qualidade de vida. Um deles é a adoção da economia circular, que prega objetivos como diminuição de resíduo e poluição, por meio de longos ciclos de vida de materiais.

Segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), o Brasil perde cerca de R$ 8 bilhões, por ano, ao deixar de reciclar material com possibilidade de reaproveitamento. Para o doutor em administração, Gustavo Nobre, pesquisador da Coppead/UFRJ, a economia circular pode ser a resposta para solucionar dezenas de problemas ambientais e dinamizar a economia, por meio da geração de novos negócios e empregos.

Nobre, que é pesquisador nas áreas de economia circular e Revolução 4.0, explica que o modelo econômico prevê nova proposta no desenvolvimento de produtos e serviços, que incluem desde o uso racional na extração de recursos até a transformação da indústria à realidade socioambiental. Ao final de sua vida útil, os materiais regressam aos processos de fabricação, ou, no caso de resíduos orgânicos, ao devido tratamento e retorno ao meio ambiente, de forma segura, como em ciclo regenerativo natural.

“Esse modelo opera criando valor nos níveis macro, meso e micro econômicos e explora ao máximo o nested concept (conceito que significa voltar e servir a sociedade). Nele, as fontes de energia utilizadas são limpas, renováveis e o uso e consumo de recursos são eficientes”, resume.

O pesquisador diz que já na fase de criação e produção dos itens são pensadas fontes alternativas para substituir materiais poluentes. Além dos produtos em si, também são pensados novos formatos de embalagens, com design que apresenta formas práticas, econômicas, resistentes, reutilizáveis e biodegradáveis.

Motivação

Segundo o professor Gustavo Nobre, a economia circular é adotada por razões complementares entre si que reúnem necessidade e conscientização. Ele relata que os primeiros países a implementarem o modelo o fizeram, inicialmente, para reduzir sua dependência de insumos, vindos de outros países, e aproveitar ao máximo aqueles que já estavam à sua disposição.

Já no quesito conscientização, Nobre acredita que ela pode ocorrer de modo espontâneo ou por ação de algum agente externo. Para ele, governos e ‘agências não governamentais’, tais como Nações Unidas e Fórum Econômico Mundial, seriam instituições fomentadoras.

No Brasil, Nobre acredita que houve evolução em termos de consumo, se comparado há 20 ou 30 anos. Atualmente, o consumidor já busca produtos e serviços de origem sustentável, com o selo ESG (de Environmental, Social, Governance) em empresas que respeitam o meio ambiente, a sociedade e tem boas práticas de governança.

“Os praticantes de economia circular ainda propõem alternativas para evitar que a reciclagem seja necessária. Design circular, utilização de materiais orgânicos, embalagens reutilizáveis, extensão de vida útil, reuso (com a mesma função ou outra) e simbiose industrial são exemplos de técnicas e conceitos que podem ser explorados antes da reciclagem”, complementa.

Por Leon Santos – Assessoria de Comunicação CFA

 

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