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II Semana Temática de Administração começa com tudo

Quase 3 mil pessoas estão inscritas na II Semana Temática de Administração. O evento, realizado pelo Conselho Federal de Administração (CFA), começou na tarde desta terça-feira, 17. A extensa programação trouxe ricos debates sobre os assuntos mais atuais da área da Administração: gestão da saúde, futuro da profissão, e-commerce, gestão financeira, inovação no varejo, entre outros.

O diretor de Comunicação e Marketing do CFA, Adm. Diego da Costa, fez a abertura do evento. O conselheiro deu boas vindas aos participantes e falou da magnitude da Semana. “Esta é a segunda edição e todas as palestras serão certificadas. Sem dúvida, será um grande evento, com palestra de alto nível de excelência”, disse.

Ele aproveitou para agradecer o apoio da diretoria da autarquia, que é liderada pelos administradores Mauro Kreuz (presidente) e Rogério Ramos (vice-presidente), e os colaboradores do CFA.

A apresentação do evento foi comandada pelos jornalistas Paulo Melo, Rodrigo Miranda, Míriam Lucena e Adriana Mesquita. O quarteto mediou as palestras e interagiu com o público.

 

 

 

Gestão hospitalar

Quem abriu a programação de palestras foi a  mestre em Saúde Pública, docente e gestora na Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Admª Mabelle Roque. Ela falou sobre “Gestão hospitalar e a humanização em serviços de saúde”. Vencedora do Prêmio Guerreiro Ramos – edição 2021, a administradora compartilhou a sua experiência na gestão da saúde pública do DF. Para tanto, ela apresentou alguns cases de sucesso

“Quando se fala de humanização da saúde, você pensa em quem? Nos profissionais de saúde, claro. Ninguém pensa no profissional de administração. Raramente pensamos no que está por trás dos processos numa unidade de saúde. Existe todo um mitiê da saúde que precisa ser gerido e administrado. É aí que entra a Administração”, comentou a palestrante.

Ela conta que, em 2015, havia uma despadronização dos serviços de saúde no DF. “Cada unidade fazia do seu jeito, percebemos ausência de planejamento integrado, entre outros”, disse. Depois de mapear os problemas, a gestão foi descentralizada, metas foram definidas e aqueles que conquistaram melhores resultados foram recomepnsados. Todo o plano de gestão foi publicado no Decreto nº 37.515/2016, que Institui o Programa de Gestão Regional da Saúde – PRS para as Regiões de Saúde e Unidades de Referência Distrital.

A equipe adotou a ferramenta chamada contratualização, que é usada em muitos países. Mabele lembrou que esse trabalho de gestão ajudou a diminuir, por exemplo, os casos de sífilis na capital do país. “Melhoramos os processos e adotamos a cultura de tomar decisões com base em evidências e não apenas nas nossas opiniões. A gente precisa de dados e evidência para fazer a gestão de qualidade”, defendeu.

Outro dado surpreendente foi o número de cirurgias mensais que eram realizadas em um determinado hospital público do DF: de 7 pulou para 154 cirurgias após a implantação da gestão profissional, o que ajudou a diminuir a fila no sistema público de saúde” Tivemos muitos desafios, mas tínhamos a certeza de que poderíamos contribuir para uma gestão de qualidade”, afirmou.

Tendências na área da Administração

O mundo passa por constantes mudanças, mas a pandemia acelerou muitas tendências e que desafiaram os profissionais de Administração. E como elas impactaram a profissão? Quem respondeu a questão foi a diretora de Formação Profissional do CFA, Admª Claudia Stadtlober. Ela proferiu a palestra “Futuro e tendências: para onde caminha a Administração?”.

A conselheira lembrou de um documentário onde as pessoas como Bill Gates demonstravam preocupação com uma possível pandemia. Segundo ela, o assunto não era surpresa para ninguém, mas de fato poucos se prepararam para tal fato. “Um dos principais desafios dos profissionais de Administração é saber antever cenários”, explicou.

Todos os setores tiveram que se adaptar às novas realidades. O mundo do trabalho foi um deles. O trabalho remoto, por exemplo, foi realidade em boa parte das organizações. “Recebemos essa mudança de fora e tivemos que nos adequar. Antes a gente falava de Indústria 4.0 e avançamos para o termo da sociedade 5.0”, comentou a administradora.

Para o futuro, Cláudia destacou algumas macrotendências: cybertopia, altermundo, pluridiverso. “A gente precisa de administração em todas as áreas. Como me diferencio? É preciso olhar para este contexto, ver onde você pode atuar e como se preparar”, sugeriu, lembrando que anos atrás ninguém imaginava que o celular fosse tornar-se uma ferramenta multifuncional. Atualmente, algumas dessas funcionalidades também podem ser executadas em um relógio.

“Mudança é assim e que oportunidades eu posso perceber, antever e pensar? O quanto esse planejamento é importante para nós? Não dá pra ficar pensando, ela não vai cair no nosso colo. A gente tem que correr atrás! Que caminho vou seguir nesse mundo de desafios, para que lado vou e como vou me colocar nisso? Não tem uma resposta única para isso. É preciso desenvolver a competência de aprender a aprender, reaprender. Quem tem o conhecimento, tem poder. Quanto mais eu aprender e me qualificar, mais vou me destacar. Não podemos ficar parados, é preciso desafiar o momento, ir além do que todos fazem, pois o futuro já chegou”. ensinou Claudia.

 

Varejo em foco

Você já ouviu falar da National Retail Federation (NRF)? Este é um evento anual que acontece em Nova Iorque e, na oportunidade,  são apresentadas as principais novidades do varejo e as tendências do mercado. A administradora e mestre em Estratégia Organizacional, Viviane Obadowski, já participou de várias edições da NRF e hoje é uma grande especialista no assunto.

Na Semana Temática de Administração, ela compartilhou a sua experiência com a palestra “Protagonismo varejista: atente-se à inovação aplicada!”. O setor também foi um dos que mais foram impactados pela pandemia e, a partir disso, Viviane adiantou quais as tendências varejistas para o futuro. Um deles é o metaverso. “É hoje um mundo virtual que replica o mundo físico nos dispositivos digitais. É uma experiência imersiva que conecta esses dois mundos, é a junção da realidade aumentada e virtual”, afirmou.

No metaverso, é preciso compreender o comportamento do consumidor. Na palestra, a administradora trouxe casos de marcas que já começaram a atuar nesse setor. A Polo Ralph Lauren, por exemplo, fez uma ação dentro do jogo Roblox e conquistou um aumento considerável nas vendas. O show do rapper Travis Scott dentro do Fortnite é outra experiência do metaverso que causou um grande impacto.

Além disso, Viviane falou da importância de o varejo ficar atento para a equidade, diversidade e inclusão. Outro ponto que ela abordou foi a sustentabilidade. “A minha pequena ação deve causar um menor dano possível. Então, vou planejar minhas ações dentro da minha realidade”, afirmou.

O varejo precisa, ainda, pensar na governança corporativa, no apagão de mão de obra, mentoria, liderança e gestão. “Que experiência única estou proporcionando para meu cliente que faz com que ele vá no meu estabelecimento e não na concorrência?”, indagou a palestrante. Ela citou as experiências que teve em lojas conceituadas.

Mercado internacional

A CEO da BIaNZ Group Espanha/Brasil, Rafaela Almeida, foi a convidada internacional para participar da II Semana Temática de Administração. Na oportunidade, ela apresentou a palestra “Internacionalização em Administração: estratégias e oportunidades” e mostrou o case da Espanha, país onde reside atualmente.

Para internacionalizar a empresa, ela falou que é possível adotar alguns caminhos: exportação, franchising, joint venture e investimento direto. Mas, antes disso, é importante analisar quais os objetivos de uma possível internacionalização. A depender do caso, a estratégia muda. “É importante fazer uma entrada gradual para ajustar as necessidades do novo mercado onde irá atuar”, explicou.

Rafaela pontuou as fases da internacionalização. São cinco etapas: exportação ocasional, experimental, regular, estabelecimento de subsidiárias de vendas e estabelecimento de subsidiárias de produção. Ainda sim, há muitos desafios nesse processo.

“É muito importante que você estude o mercado. Investigue, busque diferentes fontes, conheça os principais distribuidores e quanto mais estudar, pesquisar, melhor.”, sugeriu a palestrante. A empresa que quer investir no mercado internacional deve, ainda, ficar atenta aos aspectos burocráticos.

Feito tudo isso, é hora de pensar nas estratégias de marketing e estratégia comercial adaptada. “É um aspecto muito importante, pois é a parte de posicionar a marca”, afirmou. Mas, por qual mercado começar?

Rafaela recomendou que é preciso analisar alguns pontos. Um deles é a localização do produto. A partir daí, vem a questão das redes de distribuição, as forças de vendas e as fontes de financiamento. Com relação ao potencial do mercado, é importante identificar a demanda e o poder de compra.

“Aqui na Espanha tenho uma empresa de distribuição de produtos farmacêuticos. Ela nasceu da necessidade de algumas marcas de cosméticos de querer ampliar seus canais de distribuição”, disse, citando também a marca de nutricosméticos Oroborn que ela criou.

E-commerce e marketplace

Se tem um mercado que cresceu com a pandemia foi o e-commerce. Com as lojas físicas fechadas, os empresários tiveram que, ou reforçar suas atividades no on-line ou começar a vender no ambiente virtual. Quem entende muito do assunto é o especialista em e-commerce e mentor de negócios, Edmilson Maleski.

“O e-commerce nada mais é do que uma loja virtual. Hoje o Brasil tem mais de 900 mil e-commerces ativos no país. Você encontra qualquer coisa à venda na internet.”, comentou. A primeira vista, parece muito simples fazer negócios no ambiente virtual. Contudo, é preciso ficar atento a alguns aspectos. “É preciso entender o mercado, as regras para atuar no setor, questões como logística, entre outros”, descreveu o palestrante.

Um dos primeiros pontos a observar é a internet: valores e velocidade, por exemplo. O Brasil ainda está aquém do desejado, pois ainda não oferece uma internet lenta e cara. “Esse é um obstáculo que a gente tem que transpor”, disse. A segurança de dados também merece atenção.

“O cenário no país é caótico quando diz respeito a segurança. 65% dos usuários de internet, no mundo, já teve dados vazados e foram vítimas de crimes. No Brasil, de 8 a cada 10 brasileiros consideram a segurança dos dados on line o mais importante na hora de fazer uma compra na internet”, alertou Edmilson.

Logística e transporte são importantes para o e-commerce. Infelizmente, o Brasil ainda peca na questão de infraestrutura rodoviária e na falta deopções de modais para escoar esses produtos. “Esse é uma outra preocupação que quem quer vender on-line precisa saber”, disse.

No Brasil, 12% do varejo total é e-commerce. Houve um crescimento de 27% em 2020 e boa parte das compras é feita com celular. Em comparação com a China, esses números estão bem aquém do desejado. Contudo, há espaço para crescer nesse setor no país.

Já o marketplace é um modelo de negócio que surgiu no Brasil em 2012 que também é conhecido como um shopping center virtual. É um sistema que reúne várias várias marcas e lojas em um único local, o que facilita a vida do consumidor. Grandes redes como Lojas Americanas e Magazine Luíza são grandes exemplos de redes que oferecem suas plataformas para outros lojistas.

“O objetivo geral do marketplace é diversificar o negócio, diversificar categorias sem investir em estoque. Eu cobro uma comissão para que esses sellers utilizem a minha audiência. O marketplace é um serviço, em resumo”, explicou.

Gestão financeira

O primeiro dia da II Semana Temática de Administração foi encerrado com um tema essencial no mundo dos negócios: a gestão financeira, fluxo de caixa, controle e comportamento operacional. Quem falou do assunto foi a especialista em Gestão Empresarial, Cooperativismo e Marketing, Letícia Stringuini Fraga.

Segundo ela, um dos erros mais comuns dentro das empresas é a desorganização contábil. A retirada de dinheiro de caixa do negócio para uso pessoal, a definição do pro labore, custos de investimentos. “Não existe um percentual definido para retirada de pro labore. É preciso analisar o quanto eu preciso efetivamente para cobrir essas despesas para chegar a esse valor. A receita não pode ser toda direcionada para o salário. É do faturamento da empresa que eu tiro o meu pro labore.”, ensinou a especialista.

Letícia citou, ainda, os vilões diários que atrapalham a vida financeira da empresa. “Tem que se organizar para saber os custos futuros para não estar suscetível a tantas dificuldades. Olhar para o futuro e planejar onde queremos chegar”, disse.

A especialista deu muitas dicas para quem quer colocar as contas em dia e sair do aperto financeiro. Separar as contas da pessoa física da pessoa jurídica, registrar tudo que sai da empresa e estar preparado para os imprevistos, por exemplo. O preço de venda é, também, um dos quesitos que também precisam ser avaliados nesse planejamento, pois nem sempre o maior preço é o que vai gerar o maior lucro.

Quer conferir, na íntegra, o primeiro dia da II Semana Temática de Administração? Clique aqui e confira. O evento continua hoje, 18, e segue até o dia 19 de maio.

Ana Graciele Gonçalves

Assessoria de Comunicação CFA

 

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