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Maturidade pode ser fator-chave e diferencial nas empresas

Profissionais com mais de 50 anos enfrentam resistência por parte do mercado, mas superam adversidade ao oferecer diferenciais competitivos às organizações.

Pesquisa apresentada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), de 2021, mostra que o país tem quase 38 milhões de pessoas com mais de 60 anos. Em comparação com a população total do Brasil, de cerca de 213 milhões (dados IBGE), o número configura mais de um quinto da população brasileira (42,6 milhões) em tal faixa etária.

No quesito empregabilidade e previdência, a conta não fecha, e por isso, mesmo com o passar dos anos, muitos idosos (e pessoas com idade para se aposentar) ainda se mantêm ativos ou pelo menos tentam. O mesmo levantamento destaca que 18,5% do total daqueles com mais de 60 anos ainda trabalham e 75% ajudam na renda familiar.

Especialistas ouvidos pela RBA acreditam que o país ainda não está preparado para enfrentar o novo contexto socioeconômico, pois o sistema previdenciário não aguentará tamanho inchaço no número de beneficiários. Para o executivo Daniel Stolses, responsável pela prática MY Career na empresa LHH (Lee Hecht Harrison), a situação é grave.

“Não só o Brasil, mas a maioria dos países está enfrentando o envelhecimento de sua população economicamente ativa e não estão preparados para esta nova fase. Quando falamos de previdência, novas reformas serão necessárias para conseguirmos diminuir o rombo que hoje gira em torno de R$ 95,8 bilhões; com isso, sem dúvida, há um temor de o governo não conseguir arcar com suas responsabilidades previdenciárias”, analisa Stolses.

Segundo o executivo, embora haja reação entre aqueles com mais de 50 anos em busca de uma oportunidade, o mercado tem absorvido pouco tal faixa etária. Uma pesquisa feita pela consultoria Robert Half destacou que 69% das empresas não contratam pessoas com mais de 50 anos.

Entre as principais justificativas das organizações estão o receio dos empregadores em relação aos altos salários pedidos, desatualização e o risco de ampliar os conflitos entre gerações. Para Gustavo Moraes, economista e pesquisador da PUC-RS, para quebrar tal barreira é preciso reinventar-se e criar soluções próprias de preparação e empregabilidade.

“Ainda há restrições na contratação do trabalhador mais maduro, pois ele ainda é percebido como pouco interessado em novos aprendizados. Por isso, acredito que o sentido de reinvenção da carreira e do mercado deve estar sempre presente tanto por parte tanto dos trabalhadores quanto das organizações”, diz.

Mudanças

Para quem enxerga além da idade, o trabalhador mais maduro pode agregar substancialmente aos negócios. Entre os principais benefícios em contratar tais profissionais estão: experiência (de vida e profissional), conhecimento e repertório (com situações do cotidiano), aumento da diversidade na empresa e um colaborador mais resiliente e com probabilidade de ter maior inteligência emocional.

Daniel Stolses destaca que aos poucos o mercado tem evoluído com a mudança de comportamento de parte dos recrutadores, devido ao menor preparo técnico dos mais jovens. Segundo ele, um ponto de destaque é que no passado as empresas não tinham uma política voltada para atração e retenção de profissionais acima de 50 anos, o que tem mudado em razão da escassez de mão de obra jovem qualificada.

“Algumas empresas começaram a desenvolver políticas de atração para profissionais acima de 50 anos, pois observaram maior comprometimento. Eles têm mais disponibilidade de horário, sem contar com toda experiência profissional e pessoal que este profissional agrega”, ressalta.

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Por Rodrigo Miranda – Assessoria de Comunicação CFA

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