Após 13 anos como administradora do negócio da família e tendo que fechar em meio à pandemia, Lidiane Dinatt resolveu se reinventar e empreender sozinha. Natural do Rio Grande do Sul, ela se mudou para Balneário Camboriú, em Santa Catarina, onde possui duas unidades de uma rede de lavanderias self-service. Com a franquia, ela se viu conquistando a independência financeira. Mas o caminho para ter o negócio próprio, sem funcionários e com horários flexíveis, não foi fácil.
“Confesso que no início fiquei insegura, mas ao mesmo tempo queria muito fazer dar certo, então corri atrás dos meus sonhos. Abri a primeira unidade com uma reserva e seis meses depois comprei a segunda com a venda do único imóvel que eu tinha. Ser uma empreendedora no Brasil não é fácil, mas isso está mudando. Acredito que nossa visão de negócios, enquanto mulheres, é diferente, pois analisamos de maneira racional, mas com uma pitada sentimento”, explica.
O Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, celebrado em 19 de novembro, marca a força dessas mulheres que estão à frente dos próprios negócios. Estima-se que cerca de 86% dos negócios liderados por elas fecharam ou funcionaram apenas em parte durante o isolamento social. E foi justamente durante a pandemia que uma iniciativa liderada por um grupo de mulheres de diferentes regiões do país ganhou força: o ADM Mulher.
A proposta, que nasceu dentro do Sistema CFA/CRAs, tem como um dos eixos de trabalho o fortalecimento do empreendedorismo feminino no Brasil. Por meio de diversas ações, o projeto do Conselho Federal de Administração leva às mulheres conhecimento técnico sobre gestão e controle financeiro. A coordenadora da Comissão é a diretora de Formação Profissional do CFA, Admª Cláudia Stadtlober.
“É importante a gente ter essa rede de administradoras, mulheres, empreendedoras que se apoiam, trocam experiências, compartilham a sua caminhada e cada vez mais se apoiam no desenvolvimento do empreendedorismo feminino”, conta.
As redes de apoio são importantes porque mesmo fora do mercado formal, as mulheres precisam lidar com diferenças de oportunidades em relação aos homens. Mas apesar dos desafios, vale ressaltar que quase metade dos negócios no Brasil, hoje, são liderados por elas, segundo dados do Instituto Rede Mulher Empreendedora (RME).
Liderança feminina
De acordo com a pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2016, coordenada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ), a taxa de empreendedorismo feminino em empresas com até três anos e meio de existência ficou em 15,4%; entre os homens, o percentual ficou em 12,6%.
De acordo com o relatório “Empreendedorismo Feminino no Brasil”, divulgado pelo Sebrae em 2019, 9,3 milhões de mulheres estão à frente de empresas no Brasil. Na média nacional, elas respondem por 34% do total de donos de negócio.
A administradora Janine Brito é uma das mulheres que fazem parte dessa estatística. CEO da Ferragens Pinheiro, ela assumiu a missão de dar sequência ao legado da empresa fundada por seu pai, Getúlio Pinheiro de Brito, em 1960. Para ela, esse foi o maior desafio da sua carreira.
“Eu me preparei a vida inteira para poder assumir esse papel. Nunca quis parar, sempre me espelhei no otimismo e no dom empreendedor que me foi ensinado desde a infância”, diz a empresária.
Com Janine na liderança do negócio da família, o faturamento da Ferragens Pinheiro teve um expressivo aumento: a empresa triplicou de tamanho e seu poder de mercado cresceu. Ela aprendeu o básico com o próprio pai, mas credita o sucesso da sua gestão à busca incansável por capacitação. “Nunca me afastei da informação e do conhecimento. Fiz inúmeros cursos na área administrativa e consigo manter um networking que faz diferença na gestão de qualquer negócio”, ensina Janine.
Adriana Mesquita
Rádio ADM
Ana Graciele Gonçalves
Assessoria de Comunicação CFA