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Nos 57 anos da profissão, Adm. Mauro Kreuz reflete sobre as tendências da Administração

O presidente do Conselho Federal de Administração (CFA), Adm. Mauro Kreuz, esteve na manhã desta sexta-feira, 9, em Salvador, na Bahia, para participar das comemorações alusivas ao Dia do Profissional de Administração. Coube a ele proferir a conferência magna “As tendências da Administração”. O evento foi realizado pelo Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA-BA), em parceria com o Conselho Federal de Administração (CFA), a Academia Baiana de Ciência da Administração (ACADM) e o Sindicato dos Administradores do Estado da Bahia (SINDAEB).

Mauro começou falando do ensino, lembrando que os cursos na área da Administração são, historicamente, os mais procurados no país. Para o presidente, isso reflete a importância da área, mas é salutar refletir sobre a questão qualitativa dos cursos.

“Apesar de ser a área com maior procura e maior oferta de vagas, na média, a qualidade desses cursos ainda é baixa.”, explica.

Alta demanda, pouca qualificação

Outro ponto destacado pelo administrador é o mercado de trabalho. Mauro lembrou, mais uma vez, que, de cada dez demandas de trabalho, sete são da área da Administração.

“Contudo, as vagas não são preenchidas. Tem muitos candidatos, mas eles não apresentam as competências profissionais em administração que o mercado requer”, alerta o presidente. Para resolver essa questão, ele recomenda:

“Ainda estamos formando quadros para a Revolução Industrial 1.0, mas o mercado demanda profissionais 4.0. A tendência nessa perspectiva acadêmica é de que tem que passar por uma profunda transformação pedagógica disruptiva”, afirmou.

Era disruptiva

Mauro fez, ainda, um contraponto sobre a chamada era disruptiva que, na visão dele, é “um nome chique para mudanças”. Entretanto, a disruptividade esconde alguns perigos. “Há uma diferença entre era de mudanças e era disruptiva. Na mudança sempre ficavam vestígios de um passado, ele não era totalmente neutralizado ou apagado. Na era disruptiva não: o passado é zerado de uma hora para outra, não sobra nada, nem dos saberes, nem dos processos, nem de tecnologias, ou modelos de negócios. Por isso que empresas com mais de 50 anos de repente desaparecem”, apontou o administrador.

Outro tópico abordado por Mauro é o empreendedorismo. Segundo ele, esse é um assunto que não se ensina, pois empreender é um comportamento, uma atitude, está ligada ao perfil do profissional.

“O que nutre esse comportamento é a Ciência da Administração. Elas precisam caminhar juntas. É o que chamo de empreendedorismo profissional. Quem sabe, por isso que as evidências mostram que um de quatro pessoas tem perfil empreendedor e isso justifica a mortalidade de muitas empresas.”, pontua.

Negacionismo

Tanto na esfera pública quanto na privada, a Ciência da Administração tem sido negligenciada. É o que o Mauro chamou de “negacionismo da Administração”. Tal problema é um dos males para a má gestão que, de acordo com ele, “a vacina é a Ciência da Administração”.

“Entretanto, rara as exceções, a gestão pública se nega a usar essa vacina. temos projetos mal elaborados, execução equivocada, entre outros e o resultado é obras inacabadas, entre outros. Ninguém escapa da Administração, quem a usa se dá melhor do que aqueles que não a usam”, defendeu.

Projeto estratégico de nação

Mauro criticou aqueles que acham que entendem de Administração. Para o presidente do CFA, isso ocorre porque a profissão ainda não está consolidada no imaginário da sociedade.

“O Brasil precisa urgentemente de um projeto estratégico de nação concebido à luz da Ciência da Administração, para que esta nação deixe de ser refém de governos”, considerou.

Tecnologia: amiga ou vilã?

Para falar do assunto, Mauro citou Domenico di Masi que, certa vez, se perguntou sobre se a tecnologia iria caber no bolso das pessoas. Na reflexão do administrador, está mais que evidente que coube.

Uma vez cabendo, vai trazer paz ou atrito social? “Hoje a gente vive em tribos digitais e se a gente não se comporta adequadamente, é um problema.”, refletiu. Uma outra indagação é se a tecnologia vai trazer mais ou menos felicidade.

“A depressão é uma pandemia. Olha como nós, da Ciência da Administração, tem que fazer uma análise contextualizada de mundo e de sociedade. Se eu não fizer isso, como vou gerir pessoas, conexões humanas, etc? Ora, tenho que entender de tudo isso, pois isso está no âmago do construto social hoje”, declarou.

Por fim, Mauro ainda apresentou outra reflexão do sociólogo italiano. Domenico disse, certa vez, que o mundo do trabalho terá três tipos de profissionais: os criativos, que serão os mais demandados; os executivos, que vão competir com a inteligência artificial; e os nadas, que estarão fora do mercado de produção e consumo. “Deixo a grande questão para refletirmos. Queremos formar administradores para qual grupo? Se quisermos formar para o primeiro grupo, vamos ter que inovar abruptamente e disruptivamente, tal como é o atual mundo do trabalho”, pontuou o presidente do CFA.

Clique aqui e confira a palestra na íntegra.

 

Ana Graciele Gonçalves

Assessoria de Comunicação CFA

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