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Novos formatos de trabalho são postos em cheque

Entenda o que houve com o trabalho remoto no pós-pandemia. Mesmo com alta produtividade e entrega, empresas brasileiras ainda resistem

Por Leon Santos

Em uma rápida busca no LinkedIn, é possível constatar o aumento expressivo dos postos de trabalho nos formatos híbrido e remoto. O fenômeno é confirmado em pesquisa realizada pela consultoria Robert Half de recursos humanos, segundo a qual 64% das empresas já contrataram pessoas de outras cidades em 2021, e 71% delas consideram contratar no formato remoto — também chamado de Anywhere Office.

Outro levantamento, desta vez da LCA Consultores, ilustra o atual cenário do mercado de trabalho. Medido entre junho de 2021 e maio de 2022, o documento revela que 6,175 milhões de pessoas pediram demissão, e os motivos são a preferência por trabalhos híbridos e home office.

Ainda que os termos pareçam a mesma coisa, por serem trabalhos remotos, os regimes apresentam diferenças. Na modalidade híbrida, o funcionário trabalha parte do tempo na empresa e parte em sua casa.

No home office, os funcionários trabalham de suas casas, porém residem na mesma cidade em que está localizada a empresa. No Anywhere Office, por sua vez, a pessoa pode trabalhar remotamente para uma organização, cuja sede ou escritório esteja em qualquer lugar do mundo, em outra cidade, estado ou país.

De acordo com a pesquisadora em gestão de pessoas Sylvia Hartmann, da Universidade de São Paulo (USP), o fenômeno atual de preferir regimes remotos é resultante das mudanças ocorridas na pandemia, e surgiu com objetivo de acompanhar as transformações demográficas e sociais dos últimos anos. Ela destaca que os profissionais que adotaram e gostaram do trabalho remoto agora não querem mais renunciar a tal possibilidade.

Sylvia diz que o crescimento do Anywhere Office significa ampliação da base de talentos das empresas, que agora podem contratar sem a necessidade de restringir a vaga a somente uma localidade. Segundo ela, isso representa mais acesso a profissionais qualificados de todo o Brasil, pois antes muitos deles perdiam oportunidades de vagas por morarem longe dos grandes centros urbanos.

“Representa um ganho em diversidade, inclusão e facilita a contratação de pessoas com ou sem deficiência. Reduz, ainda, vieses inconscientes (preconceitos) relacionados a raça, identidade de gênero e orientação sexual”, avalia.

Em termos de relações de trabalho, a professora diz que surge uma discussão importante sobre os contratos, pois os profissionais remotos precisam de proteção legal, principalmente no que tange às possíveis longas jornadas laborais e à perda do benefício da hora extra. Ela ressalta, ainda, que estudos apontam que não é possível controlar a produção de trabalhadores, remotamente.

“Por essa razão, é fundamental que haja relações de confiança mútua e que a gestão seja conduzida por resultados, atitude e colaboração. Além disso, que o profissional tenha autonomia para realizar suas atividades”, diz.

Retenção

Embora o atual momento seja de relativa normalidade em relação à pandemia, e as empresas já convoquem seus funcionários para a volta ao trabalho presencial, para o administrador e professor da UFPA Carlos André Mattos é preciso repensar a convocação, a fim de não perder colaboradores para outras empresas. Ele explica que as organizações precisam se adequar à nova realidade, em que o controle de jornada laboral deve ser substituído pela produtividade e pela qualidade do trabalho apresentado pelos colaboradores.

Mattos lembra que os trabalhadores são a principal fonte de vantagens competitivas e sustentáveis das organizações, pois são eles que detêm o capital intelectual. Por isso, ele diz que buscar e reter trabalhadores engajados e talentosos, independente de onde estejam, deve estar no centro das estratégias de empresas que almejam sucesso e longevidade.

“A possibilidade de identificar talentos em lugares diferentes, e selecionar os melhores profissionais, pode proporcionar um expressivo upgrade na competitividade organizacional. Além disso, haver maior versatilidade nos locais e horários de trabalho pode melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores”, diz.

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