Há pouco mais de três meses, o apagão energético no Amapá deixou claro que a recuperação econômica do Brasil depende não apenas de iniciativas empreendedoras, mas também de infraestrutura que possa viabilizá-la. Uma das alternativas para a geração de renda é a produção de energias renováveis, tais como fotovoltaica (solar), eólica (por vento) e biomassa (gás gerado por detritos orgânicos).
Segundo o Atlas Brasileiro de Energia Solar, o país possui mais de 3 mil horas de sol ao longo do ano, mas só explorou 1,6% da matriz energética correspondente. Por outro lado, a Alemanha, cuja incidência solar é a metade, explora 12%.
De acordo com o pesquisador Arno Krenzinger, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS), já existe um movimento mundial para diminuir o consumo de combustíveis fósseis como o gás natural, petróleo e carvão mineral. Embora o Brasil tenha a maior parte de sua matriz energética baseada nas hidrelétricas (64,9%), ainda seria possível aumentar a produção das energias eólicas (atualmente 8,6%) e biomassa (8,4%).
O professor relata que a produção gerada nas hidrelétricas tem sido afetada pelo regime de chuvas escassas dos últimos anos. Por isso, segundo ele, é preciso tomar providências urgentes para diversificar as matrizes e aumentar a produção energética.
“Temos visto que a diversificação de fontes de energia é a solução mais inteligente e indicada, pois além de ser renovável, agride menos o planeta. Deveríamos, também, fomentar a criação de instalações fotovoltaicas urbanas, uma vez que é melhor diversificar para depois não faltar”, diz.
Vantagens
Mesmo sem o investimento necessário para alavancar de vez o setor, a energia fotovoltaica tem crescido no país e já criou mais de 165 mil empregos (37 mil apenas em 2020) e gerou mais de R$ 30 bilhões, entre 2012 e 2020, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Também proporcionou a criação de pelo menos 20 mil empresas, segundo o site ‘Portal Solar’.
Estudo da ‘Organização Não-Governamental’ Greenpeace afirma que o setor de energia solar poderá criar até 4 milhões de empregos, no Brasil, até 2030. Além disso, produzirá R$ 11,3 bilhões em impostos e R$ 561,5 bilhões à economia nacional.
Ações como o financiamento de geradores fotovoltaicos domésticos em pequenas, médias e grandes empresas podem ser ampliadas para incentivar a prática no Brasil. Países como Espanha e Portugal oferecem a proprietários das pequenas ‘usinas’ descontos em contas de empresas concessionárias (como água e luz) e redução de impostos.
Já a energia eólica, segunda maior matriz energética brasileira, ocupa apenas 8,6% da produção nacional. Ainda assim, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), o setor investiu R$ 13,6 bilhões e deve aumentar investimentos nos próximos anos.
Com potencial de produção atual de 15,45 Gigawatts, o segmento é capaz de abastecer 28,8 milhões de residências, por mês, em 12 estados. Isso equivale a 86,3 milhões de pessoas, considerando média de três habitantes por casa.
O potencial, no entanto, é muito maior. Segundo a presidente-executiva da (ABEEólica), Elbia Gannoum, o país pode gerar até 800 gigawatts de energia elétrica.
“Com a tecnologia hoje existente, o potencial eólico estimado hoje é da ordem de 800 gigawatts. Isso significa que podemos gerar 4,5 vezes, a mais, da necessidade de energia do Brasil, com um recurso que é infinito”, diz.
Por Leon Santos – Assessoria de Comunicação CFA
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